Fernando Borges de Moraes |
Advogado |
Quando venceu as eleições de 2016, Trump era um outsider. Foi uma surpresa. Muitos atribuíram o fato ao uso massivo da internet, pela primeira vez na história um meio de comunicação horizontal com acesso por todos.
Lembro-me da análise, à época, do cartunista e escritor Scott Adams, o qual “previu” a vitória de Trump atribuindo ao mesmo o predicado de “antifrágil”. Essa qualidade, a anti-fragilidade, foi aprofundada pelo escritor Nassim Taleb em famoso livro. O predicado pode ser definido, suscintamente, como a habilidade de se fortalecer na proporção dos ataques sofridos.
O fato de não ser o preferido nem por Republicanos tradicionais gerou muita resistência a Trump, o qual passou seus quatro anos de mandato “apanhando” da imprensa tradicional e sendo execrado nos costumeiros círculos esquerdistas (“woke”): grande mídia, universidades, empresas de tecnologia, sindicatos, etc.
Para piorar, quando seu governo indicava resultados bastante favoráveis na economia, Trump foi atropelado pela suspeitíssima pandemia causada pelo vírus liberado na China. Perdeu as eleições de 2020 para um adversário já visivelmente debilitado, mas com expressiva votação pelos correios.
Após 4 anos de um mandato democrata ruinoso, com inflação crescente e imigração ilegal descontrolada, o povo recoloca Trump na presidência em uma eleição incontestável. Estive nos EUA há pouco mais de 1 ano e testemunhei que já havia muita propaganda do candidato (lá não tem nada parecido com legislação eleitoral, a manifestação é verdadeiramente livre).
Se no primeiro mandato Trump, de fato, era um outsider até dentro de seu partido, tendo se imposto como candidato graças à sua personalidade e celebridade, agora a sistuação é diversa.
Trump chega ao poder com uma base eleitoral sólida, com experiência e tendo submetido ao povo propostas para atacar diretamente os graves problemas por que passam os EUA, além, é claro, das guerras em curso na Ucrânia e no Oriente Médio.
Trump iniciará o mandato já com 78 anos de idade. Apesar da idade avançada como a do antecessor a quem ele, em certa medida, agora devolveu a derrota, Trump apresenta mais vitalidade para enfrentar os imensos desafios que lhe esperam, mormente considerando-se a grande expectativa, sobretudo de prosperidade, que gerou em seus eleitores.
A nós, brasileiros, resta torcer para que o “laranjão”, como alguns carinhosamente o chamam, posto na presidência da maior potência econômica e militar do mundo, país que inventou o constitucionalismo moderno, de algum modo influencie para que se restaure aqui pilares da democracia, notadamente a liberdade de expressão, tão mal tratada por quem mais deveria por ela zelar.