Ex-executivo da Taboca, Samuel Hanan explica o valor dos minérios e chama atenção do governo para a tributação
A venda da mina de Pitinga, em Presidente Figueiredo (AM), para o governo chinês por US$ 340 milhões (cerca de R$ 2 bilhões) tem causado debates acalorados. Enquanto alguns defendem a transação como parte do mercado global, outros veem o negócio como um risco à soberania nacional, levantando preocupações sobre os reais interesses da China.
Embora a mina seja uma das maiores reservas de urânio do Brasil, o ex-diretor da Paranapanema e ex-vice-governador do Amazonas, Samuel Hanan, afirma que o foco chinês está nas terras raras, como o ítrio e o xenótimo. Esses minerais são fundamentais para tecnologias modernas, como baterias de carros elétricos, e estão entre os recursos mais valiosos do planeta.
Para Hanan, o valor negociado está muito abaixo do que a mina realmente vale. Ele argumenta que, com o avanço tecnológico, a separação e refino desses minerais se tornou mais viável, aumentando o valor estratégico da reserva. Montanhas de terras raras estão sendo acumuladas na mina há décadas e, agora, poderão ser exploradas pela empresa chinesa, que detém expertise na área.
Outro ponto destacado por Hanan é a baixa tributação mineral no Brasil. Ele alerta que o país carece de políticas robustas para garantir retorno adequado da exploração desses recursos. “Mineração não é como banana. É um recurso finito e de enorme importância estratégica para o Brasil e o mundo”, afirmou.
A crescente demanda global por tecnologias limpas, como veículos elétricos, torna as terras raras essenciais para o futuro econômico e industrial. A China, que já domina o mercado desses minerais, consolida sua posição ao adquirir uma mina única como Pitinga, enquanto o Brasil enfrenta críticas por vender barato um ativo tão valioso.
O Governo do Amazonas declarou que apoia investimentos que promovam o crescimento econômico e social, desde que sigam as normas ambientais. No entanto, a falta de um debate mais amplo sobre os impactos econômicos e sociais dessa transação preocupa especialistas e lideranças locais.
Hanan reforçou que, enquanto investimentos estrangeiros são bem-vindos, é imprescindível que o governo brasileiro não seja omisso na gestão de seus recursos naturais. Ele questiona a verdadeira intenção da China e a capacidade do Brasil de garantir benefícios significativos para a população com a exploração desses minerais.
A mina de Pitinga representa muito mais do que urânio. É uma reserva estratégica com potencial de moldar o futuro tecnológico global, e o Brasil precisa garantir que essa riqueza natural seja explorada com responsabilidade e justiça econômica.
*Com informações da BNC Amazonas