PF aponta irregularidades em 14 processos no STJ, com suspeitas de vazamento de informações e envolvimento de lobista. Ministros ainda podem ser investigados
A Polícia Federal (PF) investiga um suposto esquema de corrupção no Superior Tribunal de Justiça (STJ), envolvendo suspeitas de crimes como corrupção ativa e passiva, exploração de prestígio e vazamento de sigilo funcional em 14 processos judiciais. A investigação, baseada em diálogos encontrados no celular do advogado Roberto Zampieri, assassinado em 2023, e em sindicâncias internas, aponta para o possível envolvimento de servidores, lobistas e até ministros do tribunal.
Operação autorizada pelo STF
A operação, deflagrada em novembro de 2023, resultou na prisão do lobista Andreson Gonçalves e no afastamento de três dos cinco servidores suspeitos.
Autorizada pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), a ação é focada em processos de gabinetes dos ministros Isabel Gallotti, Nancy Andrighi e Og Fernandes.
Segundo a PF, ainda não se descarta a participação direta de ministros, dado que apenas parte das conversas analisadas apontam indícios de irregularidades.
Crimes e processos investigados
Entre os processos sob suspeita estão ações envolvendo multinacionais como Du Pont, a holding J&F e bancos como Bradesco, Santander e Nossa Caixa. Os crimes investigados incluem corrupção, exploração de prestígio e vazamento de decisões sigilosas. Em um dos casos, o lobista Andreson Gonçalves teria antecipado minutas de decisões judiciais e recebido até R$ 250 mil por sua intermediação.
Conexões ilícitas e pagamentos milionários
Mensagens apreendidas revelam que decisões judiciais favoreciam clientes do advogado Roberto Zampieri, inclusive em disputas milionárias.
Em um caso envolvendo a J&F, Gonçalves teria recebido R$ 19 milhões.
Outro episódio mostra que uma minuta de decisão judicial chegou ao lobista dois dias antes de ser oficialmente proferida pela ministra Isabel Gallotti, destacando a profundidade do esquema.
Repercussão e investigações em andamento
O STJ e os ministros investigados não comentaram as denúncias, exceto Nancy Andrighi, que informou já ter prestado esclarecimentos e iniciado processos administrativos contra servidores envolvidos. Empresas mencionadas negam irregularidades e reiteram compromisso com a ética.
Com as investigações ainda em curso, a Polícia Federal enfatiza que os dados analisados são apenas uma amostragem, sugerindo que novos desdobramentos e mais processos podem vir à tona.
*Com informações da BNC Amazonas
Foto: Gustavo Lima/STJ