Internacional

Israel avança sobre território sírio, após queda de Assad

Desde o dia do colapso do regime de Bashar al-Assad, Israel terá bombardeado o país mais de 300 vezes. Foram sentidas explosões na capital Damasco e nos arredores durante a noite. Entretanto, Mohamed al-Bashir, que dirigiu o governo de salvação, assumiu o cargo de primeiro-ministro interino sírio.

Israel continua com a forte ofensiva militar sobre o território sírio. O país levou a cabo uma onda de ataques aéreos à medida que as suas tropas avançavam para o interior do país. Acredita-se que as forças israelitas estejam já a cerca de 25 quilómetros da capital Damasco, segundo informou esta terça-feira um monitor de guerra da oposição síria. Uma informação para já negada por Israel que diz que as forças do país não estão a avançar na direção de Damasco.

Desde a queda do regime de Bashar al-Assad, o território sírio já foi bombardeado 300 vezes pelas forças israelitas, de acordo com números do Observatório Sírio para os Direitos Humanos, organização não-governamental que opera a partir do Reino Unido.

Na última noite foram sentidas explosões em Damascus e nos arredores da capital, segundo informaram os jornalistas da Associated Press, presentes no local.

Israel tinha anteriormente apreendido uma zona tampão de cerca de 400 quilómetros quadrados dentro da Síria, nos Montes Golã, que tinha sido estabelecida após a guerra do Médio Oriente de 1973, violando o acordo territorial de 1974. De recordar que Israel conquistou parte dos Montes Golã à Síria na guerra israelo-árabe de 1967 e anexou o território em 1981, numa ação que não teve reconhecimento da ONU.

Israel defende que a entrada na zona tampão representa uma medida “temporária”, tomada para evitar ataques na sequência do derrube do presidente Bashar al-Assad.

Telavive disse ainda que está a atacar locais suspeitos de conterem armas químicas e armamento pesado para evitar que caiam nas mãos de extremistas. As autoridades israelitas raramente reconhecem os ataques individuais.

Apesar dos ataques, o ministro da Defesa israelita, Israel Katz, assegurou que o país não pretende interferir nos assuntos internos da Síria.

O enviado especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen, advertiu Israel de que os seus ataques aéreos e invasões terrestres em território sírio têm de parar e afirmou que as ações israelitas violam o acordo de 1974 entre Israel e a Síria.

reforço da presença militar israelita na Síria ainda não foi alvo de comentários por parte das forças rebeldes, lideradas pelo grupo Hayat Tahrir al-Sham, que controlam agora o país.

Mohamed al-Bashir nomeado primeiro-ministro interino

Apesar da instável situação política no país, Mohamed al-Bashir foi nomeado para o cargo de primeiro-ministro interino do governo sírio de transição até ao próximo dia 1 de março, avança a imprensa internacional, com base numa declaração do próprio al-Bashir na televisão nacional, transmitida esta terça-feira.

Al-Bashir dirigia o governo de salvação liderado pelos rebeldes – que já governava partes do noroeste da Síria e Idlib -, antes da ofensiva relâmpago de 12 dias que se abateu sobre Damasco.

O governo de salvação está ligado ao grupo islâmico Hayat Tahrir al-Sham, que liderou o derrube do regime de Bashar al-Assad na Síria após 13 anos de guerra civil.

Rebeles sírios querem punir crimes de guerra

O líder do principal grupo rebelde islâmico da Síria, o Hayat Tahrir al-Sham (HTS), declarou que as autoridades vão fazer uma lista de antigos funcionários do regime de Assad que supervisionaram a tortura durante o governo do presidente sírio.

Abu Mohammed al-Jolani diz que serão oferecidas recompensas por informações sobre oficiais superiores do exército e segurança, envolvidos em “crimes de guerra no país”.

As declarações surgem na sequência de relatos de combatentes rebeldes que afirmam ter encontrado mais de 40 corpos na morgue de um hospital com sinais de tortura, numa notícia divulgada pela AFP.

O futuro da região continua a ser uma incógnita, com receios de paz e estabilidade pouco duradouras.

O enviado da ONU para a Síria afirma que os grupos armados que expulsaram o presidente Bashar Assad têm “enviado boas mensagens” sobre a unidade nacional e a inclusão, mas reconhece que uma resolução do Conselho de Segurança continua a considerar a organização principal como um grupo terrorista.

Com o futuro e a estabilidade da Síria ainda em grande mutação desde a fuga de Assad no fim de semana, Geir Pedersen sugeriu que a comunidade internacional tem de ajudar o país a ultrapassar este momento turbulento.

“Ainda estamos num período que eu chamaria de muito fluido. As coisas não estão resolvidas”, disse Pedersen aos jornalistas na sede da ONU em Genebra, na terça-feira. “Existe uma oportunidade real de mudança, mas esta oportunidade tem de ser aproveitada pelos próprios sírios e apoiada pela ONU e pela comunidade internacional.”

ONU pede “paciência e vigilância” aos refugiados que regressam à Síria

Numa altura em que centenas de refugiados sírios começam a regressar ao país e vários países anunciaram a suspensão dos pedidos de asilo da Síria, a ONU pediu “paciência e vigilância” aos que tentam voltar para casa.

“Será necessário ter paciência e vigilância, na esperança de que a evolução no terreno evolua de forma positiva, permitindo que os regressos voluntários, seguros e sustentáveis ocorram finalmente – com os refugiados capazes de tomar decisões informadas”, escreveu em comunicado o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

*Com informações da Euronews e Reuters

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