Brasil Destaques Política

Vice-presidente: Forças Armadas não são agência ambiental

POLÍTICA – O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse, em conversa com os jornalistas, que o papel dos militares da Aeronáutica, Exército e Marinha é assegurar condições para que os servidores dos órgãos ambientais, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), possam punir quem comete crimes ambientais. Segundo ele, as Forças Armadas não são agência de fiscalização ambiental. Ao comentar o aumento no desmatamento da Amazônia, Mourão disse que o que faltou foi uma falta de integração entre os órgãos envolvidos.

O vice-presidente lidera o Conselho Nacional da Amazônia Legal, órgão colegiado federal responsável por coordenar e acompanhar a implementação das políticas públicas de proteção e desenvolvimento da região.

“Nossa avaliação é que as Forças Armadas não são uma agência de fiscalização. O trabalho delas é criar as condições para que as agências fiscalizadoras estejam no terreno, com proteção, com mobilidade tática e operacional, para que consigam se antepor às ações dos grupos organizados que constantemente invadem terras públicas, unidades de conservação ou terras indígenas na busca de seus objetivos ilegais”, declarou o vice-presidente após participar da 7ª Reunião do conselho nacional.

Desde 2019, as Forças Armadas já foram empregadas em ao menos três grandes operações para conter desmatamentos ilegais e outros crimes ambientais em terras indígenas, unidades federais de conservação ambiental e em áreas de propriedade ou sob posse da União na Amazônia Legal. A atuação se baseia sempre na parceria entre elas e agências ambientais. A mais recente delas, a Samaúma, foi autorizada no final de junho, e abrangeu o Amazonas, Mato Grosso, Pará e Rondônia.

Desmatamento
Na semana passada, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, divulgou que, nos últimos 12 meses, a floresta amazônica perdeu em cobertura vegetal uma área equivalente a 13,235 mil quilômetros quadrados – resultados que, ontem (22), o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, classificou como “inaceitáveis”.

De acordo com Mourão, cerca de 65% da área desmatada na Amazônia Legal, ou seja, o que equivale a mais ou menos 8,1 mil quilômetros quadrados, foi alvo de ações ilegais que precisam ser “combatidas com toda a efetividade”. A área restante corresponde à supressão da flora em terras privadas, com autorização dos órgãos ambientais.

Questionado sobre a razão do aumento mesmo com a presença militar na região, Mourão fez um retrospecto das operações, afirmando que o pior momento registrado pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes) coincide com o período em que, segundo ele, não havia a necessária integração entre militares e órgãos ambientais.

“Na primeira fase das operações – encerradas em abril deste ano – não houve esta integração entre as Forças Armadas e as agências ambientais. Consequentemente, as Forças Armadas realizaram operações de cerco e larga apreensão de material, mas não havia a presença do agente capaz de emitir multas e verificar [os possíveis delitos] em detalhes – [atividades] que não são pertinentes ao conhecimento das Forças Armadas”, comentou o ministro.

“Já na segunda fase, que foi a Operação Samaúma, cuja maior parte ocorreu a partir de agosto – ou seja, fora do ciclo Prodes – aí a integração finalmente funcionou. Consequentemente, os resultados foram muito melhores. Com exceção do mês de outubro, quando as Forças Armadas já não estavam mais participando das operações. Esta é minha análise para um resultado tão ruim”, avaliou o vice-presidente.

Guardiões
Ontem, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, afirmou que o governo está ampliando os recursos financeiros destinados a modernizar o Ibama e o ICMBio, que realizarão concurso público para contratar mais servidores. Além disso, na semana passada, os ministérios do Meio Ambiente e da Justiça e Segurança Pública anunciaram a ampliação da Operação Guardiões do Bioma. Iniciada em julho deste ano, em conjunto com os governos estaduais, a iniciativa coordenada pela Secretaria Nacional de Operações Integradas do Ministério da Justiça e Segurança Pública conta com a participação de policiais militares e civis, agentes da Força Nacional e policiais federais e rodoviários federais que prestam apoio aos agentes do Ibama e do ICMBio.

“O ministro Joaquim Leite é a cara do combate ao desmatamento e está convicto de que tem que haver uma ação permanente. Não podem ser ações esporádicas. Por isso, é fundamental a recuperação da capacidade operacional das agências ambientais. Mais pessoal – e o concurso para contratação de 700 pessoas já foi autorizada – e mais meios materiais”, disse, hoje, Mourão.

***Com informações da Agência Brasil

Related posts

Corte Interamericana de Direitos Humanos tem sessões no Brasil

Redação

Curso de Extensão em Defesa Nacional está com inscrições abertas

Redação

MPE pede condenação de Bolsonaro por reunião com embaixadores

Redação

Deixe um comentário