Internacional

Dólar sobe a R$ 6,15 antes de Fed e com fiscal no radar

Expectativa é de que o banco central americano corte mais uma vez as taxas de juros em 0,25 ponto percentual

O dólar subia frente ao real nesta quarta-feira (18), cotado a R$ 6,15 na venda, enquanto investidores digeriam a aprovação do texto-base de uma das propostas do pacote fiscal do governo na Câmara dos Deputados e aguardam a decisão do Federal Reserve mais tarde.

Às 10h43, o dólar à vista subia 0,79%, a R$ 6,1532 na venda.

No mesmo horário, o Ibovespa tinha variação negativa de 0,64%, a 123.898,48 pontos.

Na terça-feira (17), o dólar à vista encerrou o dia em alta de 0,10%, cotado a R$ 6,0982 – maior valor nominal de fechamento da história.

Cenário Nacional

O foco dos investidores segue sobre a tramitação das medidas de contenção de gastos no governo, em meio a preocupações de que o pacote possa não ser votado até o fim do ano ou que as propostas sejam desidratadas. A previsão é que os parlamentares entrarão em recesso na sexta-feira.

A Câmara dos Deputados aprovou na noite de terça-feira o texto-base do projeto que impõe travas para o crescimento de despesas com pessoal e incentivos tributários no caso de déficit primário – o Projeto de Lei Complementar 210, que faz parte do pacote fiscal.

Segundo o presidente da Casa, Arthur Lira, os outros dois textos que compõem o pacote do governo – um projeto de lei e um projeto de emenda à Constituição – devem ser analisados pelo plenário nesta quarta-feira.

No entanto, as notícias positivas não pareciam suficientes para impedir a alta do dólar nesta sessão. De acordo com Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, o mercado deve acalmar quando todas as propostas do governo forem aprovadas nesta semana.

“A ideia é que caso (os parlamentares) consigam aprovar tudo dentro dos trabalhos legislativos de 2024, o mercado se tranquilizaria”,

disse Spiess.

Ele avaliou, no entanto, que o atual pacote do governo é “medíocre e insuficiente”, o que cria a necessidade do anúncio de novas medidas para que as expectativas do mercado sejam totalmente reancoradas.

Diante da crescente desvalorização do real, que na terça-feira encerrou o dia em R$ 6,0982 – maior valor nominal de fechamento da história –, o Banco Central tem realizado uma série de leilões extraordinários, incluindo leilões de dólares à vista e vendas com compromisso de recompra.

Na terça-feira, a autarquia vendeu mais de US$ 3,2 bilhões a vista em dois leilões, totalizando mais de US$ 12,75 bilhões vendidos desde quinta-feira, quando se iniciou a sequência de intervenções no câmbio.

No entanto, os leilões têm no máximo reduzido temporariamente os ganhos da moeda norte-americana.

A aparente ineficiência das intervenções da autoridade monetária tem acendido alertas no mercado de que o país poderia já estar em um cenário de dominância fiscal — quando o descontrole orçamentário gera perda de efeito da política monetária e acaba por comprometer ainda mais as contas públicas.

No cenário externo

Os mercados globais continuam demonstrando cautela, à medida que aguardam a decisão do Fed, em que se espera amplamente que o banco central dos Estados Unidos reduza a taxa de juros em 0,25 ponto percentual.

As atenções estarão em torno da divulgação das novas projeções econômicos dos membros, que sinalizarão os movimentos da política monetária para o próximo ano.

Uma previsão de um afrouxamento mais gradual dos juros seria um fator positivo para o dólar, ao elevar o rendimentos dos Treasuries, o que dificultaria ainda mais a perspectiva para moedas emergentes em 2025.

*com informações da Reuters e CNN Brasil

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