Texto: Redação |
Fotos: Divulgação/Exército Brasileiro |
O Comando de Fronteira Solimões/8º Batalhão de Infantaria de Selva (CF Sol/8º BIS) concluiu, na última semana de março, a Operação Curaretinga II, uma iniciativa estratégica para fortalecer a presença do Estado brasileiro e combater crimes transfronteiriços e ambientais na região da Terra Indígena Vale do Javari (TIVJ), uma das áreas mais remotas e vulneráveis da Amazônia. A ação foi coordenada pela 16ª Brigada de Infantaria de Selva (16ª Bda Inf Sl) e contou com o apoio de outras agências governamentais.
Objetivos e Alcance da Operação
A operação teve como foco principal intensificar a fiscalização na região do Curuçá, área conhecida pela atuação de grupos ilegais envolvidos em garimpo, pesca predatória, tráfico de drogas e exploração madeireira. De acordo com dados do Exército, as tropas percorreram mais de 1.800 km em rios e áreas de amortecimento da TIVJ, realizando:
- 113 abordagens em embarcações
- 1.083 revistas em pessoas
- Patrulhamentos fluviais e terrestres para inibir ações criminosas
Além das ações repressivas, a operação incluiu uma Ação Cívico-Social (ACISO) nas comunidades indígenas Soles e Maniwa, da etnia Mayuruna, onde foram realizados 178 atendimentos médico-odontológicos, distribuição de medicamentos e outros serviços básicos.
A Terra Indígena Vale do Javari é a segunda maior do Brasil, abrigando povos isolados e de recente contato, além de ser alvo constante de crimes ambientais e invasões transfronteiriças. Segundo relatório da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), a região sofre pressão de garimpeiros ilegais e traficantes que aproveitam a dificuldade de acesso para atuar na área.
Em 2023, a Polícia Federal (PF) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) já haviam identificado rotas de contrabando de madeira e ouro na região, muitas vezes ligadas a organizações criminosas internacionais. A Operação Curaretinga II surge como uma resposta a essas ameaças, seguindo a diretriz do governo federal de fortalecer a segurança na fronteira.
Organizações indígenas, como a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), têm alertado para o aumento da violência na região. Em entrevista ao Portal Amazônia, um representante da entidade afirmou que ações militares são necessárias, mas defendeu maior articulação com órgãos ambientais e de fiscalização para garantir resultados duradouros.
O Exército Brasileiro informou que novas operações devem ser realizadas ao longo do ano, em parceria com a PF, Ibama e Forças Armadas de países vizinhos, como Peru e Colômbia, para coibir crimes que ultrapassam as fronteiras.